terça-feira, 17 de abril de 2012

Pastel da madrugada

Em Pouso Alegre, comer pastel na feira é uma tradição

Elen de Souza - Pouso Alegre

Quem passa aos sábados à noite próximo ao pátio da rodoviária em Pouso Alegre avista de longe uma barraca toda iluminada cheia de pessoas ao redor. Trata-se de um antigo hábito dos jovens e se transformou em uma tradição: ir à feira comer pastel depois da balada. E com o decorrer dos anos, o local tornou-se ponto de encontro de diversas gerações.

Rita de Cássia, aposentada, é freqüentadora assídua das barracas de pasteis. Viúva há cinco anos, começou  por incentivo dos filhos a frequentar  festas e bailes da melhor idade e ressalta com humor “ dançar meu forró e comer um pastelzinho antes de ir pra casa é sagrado pra mim”.

Segundo ela, o primeiro convite que recebeu para ir ao lugar, causou um pouco de receio, pois o local possui pouca circulação de carros e pedestres durante a noite e não há policiamento frequente. “Antes eu vinha muito buscar meu filho na rodoviária de madrugada e já vi muitas brigas entre moradores de rua aqui perto” afirma à aposentada. No entanto, bastou uma única vez para que ela deixasse o medo de lado.

Para o estudante Lucas Natan Domingues, “a feira aos sábados é um “pit stop””, o jovem faz alusão às paradas obrigatórias que ocorrem durante as corridas de Fórmula 1. Ele afirma que a maioria dos amigos possui o mesmo costume, e isso deve ser um diferencial da cidade. “Acho que faz parte de Pouso Alegre, minha tia me contou que fazia isso quando saía com as amigas antigamente”, comenta o estudante.

Mas nem foi sempre assim, de acordo com Marcos Antônio, diretor da feira, já houve polêmica e discussões a cerca deste assunto, pois o horário estabelecido pela prefeitura para que os feirantes iniciem as atividades é a partir das quatro horas da manhã, porém, os pasteleiros começam bem antes, a partir da meia noite. “Eu acho que tudo tem que ter uma exceção, pois eu entendo que ir à feira depois da balada já virou uma tradição na cidade” comenta o diretor. Tradição esta que iniciou há mais de 20 anos, quando a feira de domingo ainda era realizada na avenida João Beraldo. 

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