terça-feira, 12 de junho de 2012

A força do boato

Mário Roberto  pensou em suicídio após o boato
José Eymard - Pouso Alegre

Desempregado após 30 anos trabalhando como agente funerário, Mário Roberto de Oliveira nunca imaginou que um boato maldoso poderia separá-lo da paixão de cuidar de defuntos. Ele foi testemunha do ditado ”quem conta um conto, aumenta um ponto”.

Em novembro de 2011, surgiu em Pouso Alegre, o comentário que um agente funerário foi flagrado fazendo sexo com um cadáver de uma mulher. O irmão da falecida teria visto o ato de necrofilia e com tesouradas matado o funcionário da funerária. 

Esta história é um ‘causo popular’, mas na cidade do Sul de Minas, ela ganhou um personagem real. O boato cresceu de tal forma que afirmaram que o agente funerário assassinado era Mário Roberto.

O buchicho logo chegou aos ouvidos de Mário, que nem em Pouso Alegre trabalhava, e sim, em uma funerária em  Santa Rita do Sapucaí. Ao saber da notícia falsa ele quase teve um desmaio: “minha pressão subiu, minha esposa e os colegas daqui tiveram que me segurar. Não acreditei que tinham inventado uma história sobre mim tão mentirosa”.

“Estavam esperando meu corpo chegar a Congonhal. Ligaram da funerária de lá perguntando se o corpo já estava liberado. Ao ouvirem minha voz, aí que eles perceberam que era tudo mentira”.

Passados dois meses da criação do boato, Mário Roberto foi demitido da funerária que trabalhava. “Eles disseram que era corte de funcionários, mas na realidade estavam achando que eu manchei o nome da empresa”

O agente morava nos fundos da funerária. Teve que se mudar. Vendeu os bens para pagar o aluguel e as contas, mas o dinheiro acabou e não conseguiu arrumar outro emprego. Em março mudou para Pouso Alegre, foi para a casa da sogra, no bairro São Geraldo. Com esposa e três filhos para cuidar, Mário não teve outra opção a não ser catar papelão e garrafas PET.

"Ando na rua e o povo me olha com preconceito. Julgando. Já chamei a polícia, mas não adiantou em nada. Já até pensei em fazer besteira".

O  ex- agente funerário também é músico. Toca teclado, mas vendeu o instrumento que tinha para pagar dívidas. Comerciantes sensibilizados com a sua história,  compraram um teclado novo. Agora ele poderá ganhar dinheiro tocando em bailes, bares e festas durante o final de semana. Dá para ganhar “uns R$150 reais no sábado e domingo, vai ajudar muito”

Mário Roberto não esconde a vontade de querer justiça, mas descobrir quem colocou o nome dele no boato é quase impossível. A esposa Eliane já conseguiu emprego em um supermercado. "Minha mulher é trabalhadora e me ajudou muito. Eu fico numa angústia vendo ela sair para trabalhar e eu ficando dentro de casa, mas sei que a oportunidade vai aparecer".

Ação solidária

Benedito Vazes de Lima Sobrinho, paraplégico há 14 anos

Gorete Marques - Cambuí

Seis, sete, oito segundos

Com o cronômetro na mão o locutor anuncia a vitória de Caíque Pacheco. O jovem de 17 anos venceu o temido Boi Tigrero, campeão no rodeio em 2010. O prêmio? Difícil calcular. Qual é o preço de um sorriso? O mesmo da solidariedade, certamente. No desafio do Bem o vencedor não importa, o objetivo é conseguir arrecadar dinheiro para a compra de uma cadeira de rodas que será entregue a Benedito Vazes de Lima Sobrinho.

A mobilização que nasceu entre uma conversa de um dos vizinhos do senhor Benedito com o Padre Jésus Andrade, ganhou dimensão com o apoio da Organização da Festa de Peão de Cambuí – Circuito Barretos.  O preço da cadeira gira em torno de R$8 mil reais. A paróquia havia arrecadado R$ 6 mil e estava prestes a encerrar a campanha quando surgiu a idéia de fazer um desafio.

Cada aposta valendo R$2 reais foi depositada na urna referente ao peão ou ao animal. Após a disputa um número foi sorteado entre os palpites vencedores.  Parte do dinheiro foi entregue ao ganhador e a outra metade deve ser destinada à campanha. A iniciativa traz de volta lembranças que o tempo custa a apagar.

A queda

Três de fevereiro de 1998. Para Benedito Vazes de Lima Sobrinho a data é quase impossível de esquecer. Aos 59 anos um acidente de trabalho mudou sua vida. Ele limpava a calha de uma fábrica, em São Paulo, onde trabalhava fazendo equipamentos para escritório, como máquinas de escrever e clipes para papel. A tarefa simples era executada nas horas vagas a mando do patrão.

Uma instante de distração foi o que bastou. Benedito despencou de uma altura de seis metros. Daquele dia, só se lembra da chegada do corpo de bombeiros. Saiu de maca para o hospital. Ali ficaria internado por 19 dias aguardando uma operação. Após a cirurgia veio à confirmação dos seus temores. A coluna foi afetada. Bene, como é chamado pelos amigos, estava paraplégico.

O medo

Ao relembrar os longos dias que passou no hospital, as lágrimas contidas guardam no coração o medo da perda, não dos movimentos, mas de um grande amor. Qual seria a reação da namorada? Na época ela morava em Cambuí. No primeiro momento ficou chocada com a notícia. Mas para a surpresa, e alegria de Bene, este seria o primeiro dos grandes desafios enfrentados em uma relação que já dura 16 anos. “Ela não saiu de perto de mim no hospital”.

O apoio foi fundamental. Benedito encontrou forças. Aos poucos deixou de lado o sentimento de revolta e frustração. Sentado em sua cadeira de rodas no canto direito da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Cambuí, chama atenção pela serenidade. Voz suave. No semblante a tranqüilidade de quem aprendeu com a vida a valorizar as coisas simples.

No ano passado recebeu outra notícia trágica. O agravamento do diabetes provocou o surgimento de feridas nas duas pernas. O procedimento, que limitaria ainda mais, a autonomia de Seu Benedito foi feito no dia 9 de junho. “A perna esquerda ficou inteirinha preta e o médico disse que ia ser preciso amputá-la”. Em março o mesmo problema afetou a outra perna.Com dois membros amputados, e dependente, de outras pessoas para empurrar a cadeira de rodas, os passeios se tornaram raros.

Bene passa os dias deitado em uma cama. Quando indagado sobre as atividades que sente mais falta. A resposta é simples. Nada, apenas colocar um pé na frente do outro, “tenho saudade de caminhar”. O sofrimento se tornou aprendizado. E das dores nasceram grandes alegrias. A campanha que se encerra com a realização do desafio do bem vai possibilitar a compra de uma cadeira de rodas.

Mais que isso, uma nova lição: a descoberta do valor da amizade e de amigos que teimam em se esconder. Meio sem jeito, ensaia um obrigado. Palavras simples que para ele tem grande significado, “eu fico feliz porque tem gente que nem conhece que está ajudando. A gente só tem a agradecer".

‘Diário da insignificância'

No ateliê, Ferrão planeja uma nova exposição  
Elen de Souza - Pouso Alegre

No ateliê recém construído, dezenas de quadros ainda embalados se misturam com esculturas que moldam a essência de um artista. Ferro, pedra, papelão são revestidos em um contexto que esboçam a simplicidade de Jeferson Ferrão. Com quase 30 anos de carreira, a discussão e reflexão sobre os valores e significados atribuídos a arte, deu origem a exposição 'Diário da insignificância', que aconteceu em Pouso Alegre este mês.

Na infância, para poder pintar, Ferrão misturava cola branca com terra de diversas tonalidades, assim conseguia extrair da natureza as tintas coloridas que não tinha condições de comprar.   Com a arte impregnada nas veias, aos 19 anos com um desejo no coração e uma mochila nas costas mudou-se para São Paulo.

Na capital paulista, o jovem da pequena cidade de Cruzeiro, foi aprovado em curso no Escritório Brasileiro de Arte. A exposição de formatura em 1982 revelava que a essência bucólica nunca deixou de estar presente em seus momentos criação. Em meio aos traços e cores, havia sempre o contraste entre o urbano e o rural. “O artista é a sua própria obra”, enfatiza.

Peregrino morou em diversos lugares do Brasil, mas ao casar-se com uma pousoalegrense fixou residência nas terras do Mandu e fundou o Ateliê Mineiro, com foco na arte popular e principalmente na pintura naïf. "Vincular o rudimentar com a cultura popular é a minha leitura da arte contemporânea".

Construções estéticas particulares, cores primárias e sem a necessidade das técnicas acadêmicas, são algumas características na arte ingênua, o Naïf, que conquistou a profunda admiração de Ferrão. Hoje o artista que carrega em si, as raízes da cultura interiorana, planeja um espaço em seu ateliê para desenvolver uma galeria de exposição naïf.

Envolvido em um universo paralelo de criações, utilizando da xilografia a fotografia, segue mesclando, inventando e compondo seu diário. Recitando Raul Seixas, ele define parte de si eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que eu quis, mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado. Porque foi tão fácil conseguir,  e agora eu me pergunto, "e daí?".

domingo, 10 de junho de 2012

Música no ar

O músico, Genézio Vicente Pereira atua na banda desde 1959
Sibele Cristina - Tocos do Moji

A Banda Lira Tocos Mojiense completa em 2012, oitenta e cinco anos.  Inúmeras pessoas fizeram parte dessa família de músicos, dentre elas, uma em especial, um dos integrantes mais antigos, e que hoje, se orgulha em dizer que participa há mais de cinquenta anos dessa história.

Genézio Vicente Pereira faz parte da Banda Lira Tocosmojiense desde o ano de 1959, que no início tinha o nome de Banda Lira Nossa Senhora Aparecida, e sempre tocou clarinete. Desde criança existiu o interesse pela música, aprendeu a tocar o instrumento com Zé Pereira, o primeiro maestro e professor da banda.

O músico ficou fora da banda por um tempo, quando saiu de Tocos do Moji, para tentar a vida em São Paulo, mas mesmo assim, ele não ficou longe do que mais gostava de fazer. Na terra da garoa, tocou durante dois anos em uma banda italiana, que era composta por nove integrantes, que entoavam marchinhas de carnaval e músicas de fanfarra. Mas em 1997, voltou para Tocos do Moji e retornou a banda de origem, nessa época tinha dezesseis integrantes.

Senhor Genézio, conta com os olhos marejados, que hoje, depois de oitenta e cinco anos, é muito diferente. Relembra que faziam apresentações somente em festas de igreja, mas não era fácil como agora, que tem ônibus para levar os músicos, “naquele tempo, tinha que gostar muito para continuar firme na banda”.

De acordo com o músico, tinham que carregar os instrumentos no braço, e chegar até o local da apresentação, a pé ou a cavalo. Fazia sol ou chuva, lá estava os músicos reunidos, caminhando estrada a fora para mais uma exibição, se o local fosse um pouco mais distante, dormiam em um espaço improvisado pelas escolas.

Dá para perceber nos olhos de Genézio, a saudade que tem dessa época que marcou história. A relevante lembrança na memória é a alvorada. As 5h da manhã, os músicos tocavam para acordar a população, e logo depois, biscoitos e broas eram servidas na peneira. “Ah meu Deus! como era bom, quando fecho os olhos posso até sentir o sabor que aquelas rosquinhas tinham, e o amor que a banda sentia em realizar as alvoradas, cada nota no instrumento era uma expressão de satisfação”.

Senhor Genézio, não só é um dos integrantes mais antigos da banda, como foi um dos que lutaram para que ela não chegasse ao fim, pelas dificuldades como a falta de estrutura.

Uma das apresentações que o músico nunca vai se esquecer foi em Borda da Mata, quando tocaram no coreto da cidade que ficava no alto, onde todo mundo podia ver perfeitamente. “Nossa aquele dia foi emocionante, ficamos no alto, no meio da praça, todos nos aplaudiram com muita emoção”.

Traços rurais

O mineiro, José Raimundo pretende levar a arte naif a São Paulo
Wilker Cardoso - Pouso Alegre

Uma grande parede pintada, uma escada toda desenhada de preto com pontos a perder de vista, quadros e esculturas de tons primários, a vida rural esboçada, na entrada da sala, do artista plástico José Raimundo. O ar de atualidade distante da temática ruralista de suas obras faz o visitante perceber de onde vem a inspiração do artista.

Em Poços de Caldas no Instituto Moreira Sales, sua última exposição contou com 40 quadros, a maior mostra em onze anos de carreira. A entidade é referência no meio artístico nacional explicou o curador do artista Ferrão.

A conversa, regada a café no ateliê com cheiro de tinta fresca, José Raimundo com semblante tranqüilo, conta que na hora de compor suas obras, pensa na infância e juventude. A influência do contexto que viveu é bem notável nos quadros, “eu pego uma tela branca e vou pensando naquela época que eu vivia lá, os bichos, cercado, árvore e lago. Então eu já vou definindo a tela, e no pensamento, lá no tempo que eu vivia na roça”.

Raimundo faz parte dos artistas naif, que define aqueles que não têm formação acadêmica em arte. No entanto a autenticidade é uma característica das obras dessa corrente artística. Usa de tinta acrílica em tela de tamanhos de 40 x 50, 50 x 70 e até 1x1 e de 2 x 1,5, também pinta em pedras, esculturas de animais e banquinhos de madeira.

O inicio da carreira começou logo depois que José Raimundo foi trabalhar como jardineiro na casa do artista Ferrão, hoje seu curador. No vai e vem das exposições e na observação do desenvolvimento das obras, o jardineiro percebeu o cotidiano de um artista. “O artista é além da obra, é o dia a dia as coisas que ele faz para construir a obra”.

Foi nesse tempo que Ferrão pediu ao amigo e jardineiro para cuidar da casa enquanto fazia uma viagem, como Zé já desenhava e esboçava algumas figuras Ferrão preparou uma surpresa, deixou tela, pincel e tinta com uma carta dizendo “tudo que o senhor desenhou até agora foi isso aqui, então coloca na tela”.

O quadro ficou tão bom que Ferrão decidiu mandar para a bienal naif de Piracicaba, a obra foi selecionada pelos críticos de arte e diretores de museus “de lá pra cá eu decidi não parar” conta Raimundo.

Críticos de arte levaram a obra do artista para outros países como Israel e Japão, “vieram artistas japoneses expor aqui no ateliê Mineiro e conheceram a obra do José Raimundo daí resolveram levar pra lá” comenta Ferrão.

A repercussão da obra se baseia no valor financeiro dos quadros do artista, as primeiras pinturas eram cotadas entre R$200,00 e R$400,00 “hoje um quadro dele de 40 x 50 dá R$1400,00 e isso já é um reconhecimento do próprio mercado” comenta o curador.

Agora a intenção é expor em alguma galeria em São Paulo, mas para isso acontecer, um quadro dele precisa passar por um leilão, com a disputa entre colecionadores vai taxar um valor e divulgar a obra, explica Ferrão. Em outubro Zé Raimundo pretende expor no Ateliê Mineiro, próximo ao aniversário de Pouso Alegre, que terá uma coletiva naif.

Caminhada da fé

Grupo de 50 pessoas caminha até Bom Repouso

Sibele Cristina - Tocos do Moji

Uma promessa que já se estendeu por quatro anos e que a cada tempo que passa se torna mais forte. Um grupo de cinquenta fiéis de Tocos do Moji segue a pé até a imagem de 20m, de Nossa Senhora das Graças na cidade de Bom Repouso.

São 19 km de caminhada, que acontece todo ano nessa mesma data, feriado de Corpus Christi. Com cajado nas mãos e muita fé, crianças, jovens, adultos e pessoas da terceira idade, saem de Tocos do Moji às 6h da manhã, rezando terços, e chegam aos pés da santa, por volta de 10h30.

O organizador Vicente Evangelista da Cruz, diz que fez a promessa há quatro anos. Ele conta que quando criança ia muito a pé para a cidade de Aparecida do Norte, por isso reuniu um grupo de pessoas para dar continuidade à caminhada da fé, “quando decidi que iria, comentei com umas três pessoas, hoje somos ao todo cinquenta”, diz sorrindo.

O adolescente Vitor Alves de Mira participou de todas as caminhadas. De acordo com ele, é um momento cansativo mais que vale muito a pena, “a gente reza bastante e também conversamos muito até chegar, durante o trajeto, dou muita risada, é divertido, quando chego em casa me sinto cansado, só que mais leve de espírito”, afirma.

Depois de sofrer um grave acidente no ano de 2009, Márcia de Fátima Alves, de trinta e cinco anos, viu uma oportunidade em agradecer. Este foi o primeiro ano que participou, mas ela garante que será o primeiro de muitos, “além de ser uma caminhada de fé, enquanto caminhamos, podemos pensar uma pouco na vida é uma oportunidade também de lazer, de sair do stress”, diz.

Algumas pessoas não resistem ao cansaço ou ao sol forte, como o caso de Bianca Cristina da Silva, de quarenta e sete anos, ela conta que quando estavam na metade do trajeto, começou a sentir mal.
Os amigos lhe deram água e a colocaram na sombra de uma árvore, “eu comecei a me sentir fraca e com tontura, aí avisei minha cunhada que estava comigo, mas depois o pessoal me ajudou, e minuto depois pôde seguir o trajeto”.

Ao chegarem a Bom Repouso, o grupo sente-se aliviado, ao ver de longe a imagem de Nossa Senhora das Graças, uma sensação de missão cumprida. Admiram a imagem e na igreja rezando, cerca de duas horas, agradecendo.

Depois de um bom almoço em um dos restaurantes da cidade, eles podem retornar a Tocos do Moji, a Prefeitura Municipal disponibiliza um ônibus para que as pessoas possam voltar mais tranquilas e com a fé renovada.

Andarilho das estrelas

Éder Di Malte grava CD, estilo pop rock, com 12 faixas
Jailson Silva - Pouso Alegre

“Nessa estrada tão deserta aonde os sonhos vem e vão, eu vou alto aqui de baixo, com as asas da imaginação. Eu vivo um dia a cada noite, num aplauso ou multidão. Conheço tal caminho certo, mas prefiro a contramão”. Essa é a música de trabalho do compositor Éder Di Malte de Pouso Alegre que depois de dez anos de carreira grava seu primeiro CD “ Andarilho das estrelas”
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Com boné na cabeça, um estilo romântico ele revela já foi roqueiro. Hoje com 31 anos, o mais velho de três irmãos, o cantor conta que com 21 anos decidiu largar tudo para viver da música. A sua primeira banda nunca saiu da garagem de sua casa, passou por diversos nomes, o último deles: 4 Estações. Quando a banda terminou, os equipamentos foram divididos, o que restou foi apenas um microfone e o sonho de continuar.

No começo era apenas um hobby, mas com o tempo tornou-se sua profissão. Suas primeiras músicas eram no estilo rebelde, mas com o passar do tempo deram espaço as românticas. Seu primeiro instrumento foi um baixo, depois violão até chegar ao teclado. Para ele a música “Andarilhos das Estrelas” é sua canção de libertação. “Sempre foi meu desejo de tocar sozinho”. As primeiras músicas eram inspiradas no artista Paulo Ricardo do RPM, embora seu estilo fosse diferente.

Éder tem um estúdio de gravação, espaço que ele utilizou para gravar seu CD. Muitas vezes deixou de lado nesses anos o seu projeto para fazer outros trabalhos. Além de cantar, ele é compositor. Todas as composições do CD são de sua autoria. Sua primeira inspiração musical foi “Força de um Amor” quando ele tinha apenas 14 anos.

Sentados em volta da mesa, sua mãe Dagmar conta que desde criança o filho já se mostrava um apaixonado por música. “Nós morávamos em Extrema, com 4 anos ele cantava o dia todo a música Fuscão Preto”. Determinado, ele nunca teve dúvida de escolher o caminho da música. “O meu sonho sempre foi o mesmo, nunca tive um sonho diferente”. Sua primeira experiência profissional aconteceu em 2002 quando formou uma dupla que durou apenas um ano.

Atualmente ele faz shows em Pouso Alegre e todo o Sul de Minas, além do interior de São Paulo. O repertório do CD é no estilo Pop Rock, vem com 12 músicas. “Pra mim esse trabalho é o nascimento de outro artista, porque as músicas que canto são diferentes dos meus shows”.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Casa própria

As novas exigências da Caixa visam garantir qualidade do imóvel no financiamento

Adélia Oliveira - Itajubá

A Caixa Econômica Federal passará a exigir, a partir do meio do ano de 2012, no financiamento com FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de imóvel novo e para quem vai construir a própria casa, além dos documentos pessoais da família, os que são habituais para qualquer financiamento, uma análise de dados da situação da obra, que deverá ser feita pelo engenheiro responsável pela construção.

Na análise, chamada de memorial descritivo deverá conter dados dos trabalhadores da obra, tipo e qualidade dos materiais utilizados e descrição da situação cadastral dos fornecedores.

Até o momento as operações de financiamento podiam beneficiar obras de construtoras sem cadastro na Caixa e com irregularidades, mas com as novas regras isso mudará.

Para quem vai construir, será necessário que exista a comprovação de recolhimento de um funcionário autônomo ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Edimar Márcio Ribeiro, gerente de pessoa jurídica da Caixa, alerta que “o comprador que não tiver em mãos os documentos da obra, deve abandonar a compra e procurar um outro imóvel, pois não conseguirá efetuar a compra.”

O corretor de imóveis, Paulo César dos Santos explica que essa exigência é de suma importância, pois garante a qualidade do imóvel, de forma a evitar problemas futuros.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Do chão às telas

Regina Rennó busca recursos para o documentário 

Adélia Oliveira - Itajubá

Com belas palavras e um desejo artístico encantador, semblante alegre e coração cheio emoção, Regina Coeli Morais Rennó conta dos seus projetos. A gravação de um documentário é a realização de um antigo sonho. A artista da Fundação Guignard, há 35 anos, trombou de forma rara com o poema 'Triste Horizonte', de Carlos Drummond de Andrade.

Após todos esses anos, o projeto foi aprovado pela Lei Rouanet. Juntamente com sua equipe dará início à gravação do filme intitulado com o mesmo nome do poema, que está em fase de captação de recurso.

Em 1977, quando Regina estudava em Belo Horizonte, em plena ditadura militar, um avião teco-teco sobrevoou a cidade. Papéis eram atirados do avião com o poema nele impresso. Tempos férteis aqueles, em que os artistas, assim como a imprensa, enfrentavam no chão ou até mesmo de avião todas as censuras e proibições do governo.

Esse fato dos papeis atirados se deu em protesto contra a exploração de minério em Minas Gerais, o que estava acabando com a paisagem da região. "Eu passava pela Afonso Pena e apanhava um destes papeizinhos que caíam do céu", conta emocionada.

O documentário será feito na forma de entrevistas, com pessoas que viveram naquela época, para mostrar como a arte pulsava então, e como a cultura estava em plena efervescência na capital mineira que, por outro lado, padecia com a exploração das mineradoras. “Um contraste de vida e morte, que nós vamos colocar nas telas”, relembra.

Paixão pelos traços

Com um largo sorriso no rosto Regina conta que desde que se entende por gente, já desenhava. Ela afirma que as artes plásticas sempre fizeram parte de sua vida.

Natural de Itajubá, mas apaixonada pela capital mineira, cidade onde reside. Desde 1981 está no mercado editorial. Começou como ilustradora de livros de outros autores.

Em 1987, passou a fazer livros de imagem, sem texto. A partir de então, publicou 30 títulos de livros de imagem. Ao todo são 50 títulos publicados, além de dezenas de ilustrações de outros autores.

Ao fazer referência ao desenho, a artista fala que, a sensação enquanto desenha é de voar, voar e voar.

Para chegar aonde chegou os caminhos não foram simples e fáceis, mas Regina é grata a todos que cruzaram seu caminho e aos que com ela percorreram e percorrem nessa jornada.

Bodas do canto

Amaury Vieira Fernandes, coordenador do Laboratório Canto Coral
Elaine Romão - Itajubá

Com os cabelos brancos e um sorriso no rosto Amaury Vieira Fernandes trabalha em sua sala em uma universidade de Itajubá. O simpático senhor com ar de avô e jeito de professor é o regente, maestro e coordenador do Laboratório Canto Coral da cidade, que este ano comemora 25 anos.

Dedicação, persistência e muita música fizeram com que o evento idealizado nos meados dos anos 80 pela Funarte (Fundação Nacional de Arte) escolhesse Itajubá e outras duas cidades brasileiras para o trabalho. Os anos passaram a ditadura caiu, e na era Collor a Funarte também.

Sem incentivo financeiro o maestro decidiu dirigir e assumir o projeto “a semente tinha germinado”. Hoje a cidade é considerada a capital mineira do canto coral.

Acordes históricos

Com o fim da era Vargas o canto orfeônico implantado nas escolas brasileiras através de Heitor Villa-Lobos sucumbiu. A contemporaneidade exigia um canto coral que pudesse transpor  os muros das escolas e ganhar  comunidades, empresas, igrejas e tantos outros grupos organizados. Partiu-se então para a identificação de regiões onde havia potencial para esta demanda.

A Funarte resolveu dinamizar o canto coral do interior brasileiro. Foi então oferecida a algumas cidades uma oficina coral com profissionais competentes, experientes e com vontade de transformar a cultura musical daquela região do país. Itajubá foi escolhida para sediar o “Laboratório Canto Coral”.

Em 1982 chega ao município um senhor calvo, com uns poucos cabelos brancos. Era o enviado da instituição, para realizar a oficina coral com jovens itajubenses e das cidades convidadas para assistir as aulas do Maestro Oscar Zander. “Ninguém sabia direito o que aconteceria. A princípio, com certo ceticismo, criou-se uma grande interrogação, o que seria o laboratório coral. Aquele velhinho daria conta da energia de uma juventude sedenta de transformações?”.

Após uma semana veio à resposta, uma apresentação de 45 cantores corais entre eles Amaury, na Igreja Matriz N. S. da Soledade, sob a regência de um excepcional maestro, ávido de mudanças no cenário coral do Brasil. “Aquele velhinho que vi no primeiro dia, transformou-se num pedagogo de alta estirpe”.

Um maestro conseguiu, através de tempo integral (manhã, tarde e noite) montar um programa coral e o apresentou ao público em sete dias.

No ano seguinte, Zander participou do laboratório. ”Simpático, tomando cerveja e comendo peixe no Bar do Pai, se dispunha a falar de música após 12 horas de trabalho”. Um ano depois o mestre morreu.

De órfão a genitor

Com a morte de Zander e o fim do apoio da Funarte, Amaury juntamente com o maestro José Rezende Vilela de Brasópolis e Osvaldo Raposo Júnior de Alfenas, decidiu dar continuidade ao projeto.

Todos os anos os três se encontravam com o Brasil Coral através do Painel Nacional de Regência Coral, encontro que mudava de estado anualmente. “Ali buscávamos mais informações e informávamos os maestros sobre a ideia que havia vingado em Itajubá”.

Nestas visitas o regente conheceu Samuel Kerr, um dos maiores incentivadores na continuidade do Laboratório Coral. Em seguida, Reynaldo Puebla, grande especialista musical do país, Nelson Mathias e tantos outros profissionais que passaram pelo evento.

Regendo vidas

Itajubá é uma das referências nacionais em Canto Coral. Na cidade, existem cerca de 50 corais em atividade, mantidos por instituições de ensino, associações, empresas e projetos culturais. O Laboratório Coral contribui para manter essa tradição artística ativa.

Anualmente recebe cerca de 100 coralistas vindos de todo Brasil. Os participantes têm uma semana de atividades relacionadas ao canto, tais como, técnica vocal, expressão cênica e ensaios.

Nestes 25 anos o encontro contribuiu para a formação de dezenas de pessoas que atuam na modalidade. “Estou comcabelos brancos e a sensação de missão cumprida”.

Inverno aquecido


Aumento de produção aquece economia
Sibele Cristina – Borda da Mata


A cidade de Borda da Mata, famosa pelas fábricas de pijamas, que movimentam a cidade desde os anos 60, esperam um aumento de 20% nas vendas deste ano, devido ao frio intenso e o número de turistas que não param de crescer.

De acordo com dados da associação comercial, R$ 15 milhões de reais movimentam o comércio de pijamas na cidade, e a expectativa desse ano, é faturar ainda mais com uma produção de 250 mil peças ao mês.

Segundo Antônio Megale Brandão, proprietário de umas das lojas, e membro da associação comercial, os lucros vem crescendo, juntamente com número de fábricas no local. Hoje virou tradição da cidade, e é a segunda força econômica. Tanto, que a cidade hoje é conhecida como a Capital do Pijama.

As novas estampas e modelos diferenciados, também colaboraram com o aumento nas vendas. De acordo com Senhor Antonio, os novos maquinários, com mais tecnologia que chegam as fábricas, também contribuem para um bom resultado da produção, “no ano passado, a produção foi menor, este ano, com esse valioso aumento, não vai sobrar nada no estoque”, afirma.

Borda da Mata, conta hoje com dez fábricas e cerca de 1200 pessoas envolvidas no processo de vendas e de produção. Tecidos como Plush, Moletim, Flanela, Malha e cetim, são os mesmos usados no ano passado, que garantem conforto e beleza dos produtos, o diferencial são os modelos cada vez mais elaborados.

Com os preços de fábrica que a cidade oferece, muitas pessoas aproveitam para revender e ganhar um dinheiro extra.  Dona Margarete Santos Souza, tem a profissão de manicure, e aproveita o movimento do salão para revender os pijamas, “esse dinheiro me ajudou muito, consegui aumentar minha renda em 45%, com isso consegui mobiliar o restante da minha casa”, diz.

Algumas pessoas foram além, Marcos Aurélio da Silva, mora na cidade de Ouro fino, há quase dez anos, montou uma loja na cidade. No começo, revendia dentro de casa e d e porta em porta, hoje, a ideia de Marcos evoluiu, ele tem uma loja no centro da cidade emprega três pessoas, sendo duas delas, a esposa e a filha, “confesso que no começo tive medo, por isso investi pouco na primeira compra, hoje vou para Borda, todo mês, e hoje posso dizer que sou uma pessoa muito satisfeita, com meu próprio negócio”, afirma.

Há também pessoas que faturam fabricando os pijamas em casa. Solange Maria Rodrigues Pereira mora em Tocos do Moji, e é costureira há vinte anos, ela trabalhava em uma das fábricas de pijamas de Borda da Mata onde ficou por doze anos. Mas, há dois anos ela achou melhor continuar na profissão e na mesma fábrica, só que dessa vez em casa.

De acordo com a costureira, seguir esse ritmo não era fácil, então achou melhor comprar algumas máquinas e arriscar, “tinha que deixar marido e filhos em casa, saía seis da manhã e chegava somente às seis da tarde, agora posso costurar e cuidar de casa, e graças a Deus deu muito certo”, conclui.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Turismo de negócios

Sônia Rieira afirma que já sente os benefícios do setor na região
Elaine Romão - Itajubá

O Sul de Minas é um grande pólo do turismo de negócios em Minas Gerais. Para suprir este mercado em expansão, foi anunciado, no último dia 15, à construção de 21 hotéis no interior do estado. Itajubá e Pouso Alegre que fazem parte desta rota turística serão beneficiados com o empreendimento.

O investimento total no setor será de R$ 259,5 milhões de reais, feitos pela Emcorp Empreendimentos e Incorporações SA. Ao todo serão gerados 870 empregos na construção dos hotéis, destes 520 diretos e outros 350 indiretos, em 20 cidades mineiras.

De acordo com a turismóloga e ex-secretária de turismo Cássia Almeida, o turismo de negócios movimenta a economia de todos os municípios da região. O turista desse segmento apresenta maior gasto médio em relação a outros e, normalmente, retorna mais vezes ao destino.

A interiorização do turismo de negócios é uma tendência no setor, que busca novos mercados. Além dos hotéis outros segmentos também serão beneficiados, comolocação de espaços para eventos, gráficas, transporte e o ramo alimentício.

Para dar início ao empreendimento as prefeituras precisam aprovar e cumprir o Plano de Desenvolvimento Sustentável do Turismo Municipal, principal instrumento norteador das ações dentro da atividade. O Plano deve ser construído de forma participativa entre iniciativa pública e privada e abranger todas as ações e necessidades do setor a cada quatro anos.

Para Cássia, as prefeituras devem incentivar a construção e modernização de equipamentos hoteleiros com novas linhas de crédito, parcerias com bancos públicos federais e a iniciativa privada. “Identificar e apoiar projetos atrativos para a regiãoé fundamental, além disso, mobilizar a iniciativa privada é importante para estimular e captar investimentos nacionais e internacionais”.

Segundo a profissional do turismo o maior benefício é a melhoria da qualidade de vida dos habitantes. “A interiorização do turismo de negócios é um fator de excelentes perspectivas, afinal seus impactos nos municípios de menor renda, estarão contribuindo de forma decisiva para o aumento da atividade econômica.”, afirma.

A proprietária de uma agência de turismo de Itajubá, Sônia Rieira acredita que o turismo de negócios traz benefícios para todos os setores do comércio e aumenta a visibilidade da região no âmbito nacional.

Segundo a empresária sua agência já sentiu os efeitos positivos desta modalidade turística. “Itajubá, Santa Rita e Pouso Alegre são pólos tecnológicos e comerciais com empresas fortes no Brasil, a procura por negócios com estas empresas aumentou muito”.

Botequeiros de plantão

No fim de tarde, amigos se reúnem nos bares para colocar a conversa em dia
Jailson Silva - Itajubá

De bar em bar, tomando cerveja, esse é o caminho percorrido todos os dias por diversos aposentados. Tomar uma bem gelada pode sair caro para o bolso quando não existe nenhum planejamento financeiro. Para evitar que boa parte do salário fique no bar, é importante nessa hora ter controle dos gastos.


Para Paulo Marcos de Carvalho, mais conhecido como Paulinho do Cruzeiro o seu fim de tarde é em volta de uma mesa de bar. Ele revela que chega a gastar cerca de 10% da sua aposentadoria no boteco, o que equivale aproximadamente R$ 200,00 por mês. “Eu sou um botequeiro discreto, o bar pra mim é o descanso do lar".

O aposentado costuma ir ao bar todos os dias. Para não arrumar confusão com a esposa conta que, algumas vezes, ela o acompanha. Para o botequeiro a melhor coisa é ser amigo do dono do bar, isso ajuda a ter alguns privilégios. “Eu gosto de ir ao bar para curtir um momento de alegria com os amigos”.

A maioria que frequenta o local são aposentados. Sentados em volta de uma mesa aproveitam para colocar a conversa em dia. A cerveja bem gelada não pode faltar na roda de amigos. O peixe assado é o aperitivo que dá mais sabor a conversa desses botequeiros que se mostram muito animados.

Na mesma rua encontramos outro bar. O local possui uma decoração que chama a atenção de quem passa pela calçada. As paredes estão repletas de quadros com fotos de clientes. No teto diversas camisas de futebol estão penduradas e nas prateleiras estão expostas canecas, chaveiros e até uma casa de João de Barro.

Para Alemão, o local além de ser atrativo tem uma cerveja bem gelada. Ele revela que frequenta o bar desde 2006, e chega a gastar R$ 400,00 todo mês, o que representa uma despesa de 20% do seu salário. “Eu me identifico com esse lugar, por isso venho quase todos os dias aqui”.

Enquanto acompanha na TV o seu esporte favorito, o copo de cerveja é sua companhia inseparável. Alemão conta que costuma assistir aos treinos e as corridas de Fórmula-1 todos os domingos no bar. “Não troco esses momentos que vivo aqui por nenhum outros da minha vida”.

Moedas em casa

Mariane já conseguiu economizar R$800,00 em moedas

Juliana Costa - Pouso Alegre

O hábito de guardar moedas no cofrinho virou mania não só de crianças, mas também de adultos que preferem poupar de pouco em pouco, e assim, juntarem uma boa grana sem ter que se esforçar tanto. As moedas são guardadas em porquinhos, latinhas e até mesmo garrafas de refrigerante.

Mariane Tanaka Pereto, administradora de empresas guarda moedas em uma garrafa de refrigerante desde o final de 2011. Na primeira vez conseguiu poupar R$300,00 e na segunda vez R$800,00.

Muita gente não sabe mais essa mania de guardar as moedas em casa acaba dificultando o troco no comércio e gerando gastos públicos para a emissão de novas. Mauro Freitas de Lima, comerciante, sofre na hora de voltar o troco para os clientes “ Alguns fregueses  as vezes saem daqui sem moedas e levam balas”.

Algumas pessoas não gostam de levar balas e as vezes acabam até batendo boca é o caso da dona-de-casa, karina Alves dos Santos. Ela acha um absurdo não ter moeda para voltar o troco, pois quando vai comprar alguma coisa se falta a moeda o comércio não perdoa “Um dia faltou R$0,20 na minha compra e tive que trocar R$50,00”.

Suzana da Silva Custódio, manicure coleciona moedas desde pequena. A manicure nem se preocupa com a questão de faltar moeda no comércio, já conseguiu juntar muito dinheiro com essa mania de poupar e não pretende abandonar o hábito. Suzana aprendeu a guardar moedas desde os 7 anos e nunca mais parou.

A circulação das moedas no comércio é muito importante, pois além de facilitar o troco, poupa o governo de ter gastos para inserir novas no mercado.  A mania de deixar as moedas paradas em casa não é uma boa opção de rendimento, pois além de não dar lucro dificulta a vida do comércio.
Mariane já conseguiu economiza R$800,00 em moedas.

CPI avança nos estados

O relator da CPI, Odair Cunha durante entrevista ao Bloco de Notícias
Wilker Cardoso - Pouso Alegre

A presença da organização criminosa investigada pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, em outros estados seria um elemento novo, afirmou o relator deputado Odair Cunha em entrevista nesse domingo (27).

Na ocasião o parlamentar ressaltou que a Policia Federal não investigou pessoas que tem prerrogativas de fórum e vamos investigar essas pessoas também nesse processo. Os trabalhos estão na fase inicial de análise de documentos e depoimentos dos suspeitos.

A conhecida Comissão pode se prolongar até novembro disse o deputado, com o prazo estabelecido em 190 dias de trabalho, restando ainda 150 dias, provavelmente alguma informação contundente será concluída nesta data.

O parlamentar se refere à comissão como “CPI atípica” devido à série de depoimentos silenciosos que se sucedem nesse processo, “Essas pessoas que estão vindo para a CPMI falar, muitas delas já estão indiciadas ou estão presas e, é claro que elas vem e usam o direito constitucional de permanecer em silêncio”, explica o relator.

A respeito dessa situação se repetir daqui pra frente o deputado argumenta que serão ouvidas também testemunhas “Nós vamos ouvir também pessoas que se figuram como testemunhas e testemunhas têm a obrigação de falar e falar a verdade”.

“Nós trabalhamos com a perspectiva que feito o inquérito, teremos condições de pedir o indiciamento de muitas pessoas, que ainda a Policia Federal não pediu”, esclareceu o relator a respeito da PF que investigou o jogo do bicho apenas no Distrito Federal e em Goiás.

O deputado tem expectativa que a partir daí e, especialmente, na análise de documentos, possa haver um aprofundamento das investigações “Ao final desse processo, nós teremos condições de concluir um ciclo de investigação”.

A CPI sofre pressão política da oposição para convidar governadores a prestar depoimentos, mas o deputado Odair Cunha tem dito que neste momento um depoimento dos governantes não contribuiria para as investigações. E conclui “Espero que a CPI desvende e jogue luz sobre essa organização criminosa que cooptou e corrompeu muitos agentes públicos”.

domingo, 20 de maio de 2012

Praga no campo

No sul de Minas, plantação de morangos é atingida pela lagarta
Sibele Cristina - Tocos do Moji

De origem da região mediterrânea e Ilhas Canárias, a lagarta que tem nome científico Duponchelia fovealis foi identificada pela primeira vez no Sul de Minas. Há três anos, a mesma foi encontrada no estado do Paraná em plantações de morango, desta vez o ataque foi na cidade de Tocos do Moji.

Com um potencial destrutivo, a lagarta ataca a coroa, folhas, flores e os frutos do morangueiro, podendo levar a planta a morte, se a infestação for severa.

De acordo com Luiz Fernando Faria, Engenheiro Agrônomo da Emater, os adultos ou mariposas, ficam escondidos embaixo das folhas do morango e realizam pequenos vôos quando as plantas são tocadas.

As fêmeas podem colocar até dez ovos no mesmo lugar e quarenta e cinco dias depois, serão lagartas.  As mesmas se enrolam em fios de seda e excrementos e ficam escondidas entre os restos de folhas mortas, para depois se transformarem em mariposa.

Júlio Cézar de Souza, pesquisador da Epamig, afirma que a identificação da praga, representa um sério problema para os produtores. Ele fala ainda, que não existe uma prevenção, e sim, produtos químicos que são tóxicos as lagartas, que ajudam a amenizar o problema, mas não o combate total da praga.

O pesquisador da Epamig, alerta os agricultores em que suas plantações também tenham sido afetadas, para que procure a Ematero mais rápido possível, para que possa ser feita as primeiras aplicações dos produtos químicos.

Vicente Domingos da Silva, lavrador, também teve sua plantação atingida pela lagarta, ele diz que elas apareceram mais nos morangos de estufa, onde também são muito comuns por ter um hábito noturno e gostarem de locais mais úmidos, “o pessoal da Emater, precisa achar logo uma solução, eu dependo do morango, não posso levar mais prejuízos”, afirma.

Francisco Benedito Faria, agricultor há 25 anos, disse que começaram a aparecer furos nas folhas que murchavam e depois secavam, “então, eu procurei a ajuda da Emater, eu já tive cinco mil reais de prejuízo”, afirma o agricultor.

De acordo com Júlio Cezar, as pesquisas estão sendo feitas para que consigam o combate total da praga, que causa tantos prejuízos aos agricultores, “infelizmente, isso é da natureza, quem trabalha com agricultura está sujeito a esses tipos de problema e o nosso trabalho é conseguir combater essa praga e estamos trabalhando para isso”, afirma. 

Jazz na estrada

Sandro Nogueira, um dos idealizadores do Conexão Minas Brasil

Elen de Souza - Pouso Alegre

O jazz deixou os saloons e bares de Nova Orleans, ultrapassou as vielas urbanas e ganhou força no interior mineiro. Um dos responsáveis por esse impulso musical é o  guitarrista e pianista Sandro Nogueira,  com sua trump do projeto Conexão Minas Brasil, percorre diversas cidades do sul de minas.

Com essência a La mambembe, o projeto itinerante busca realizar a junção de dois segmentos importantes na vida de Nogueira: arte e educação. O músico que também é pedagogo, além das apresentações musicais, busca através de workshops e debates colocar em pauta novas perspectivas para a música na escola. “Essa iniciativa tem como objetivo conectar os músicos e instituições que trabalham com arte e educação em geral”.

Com um pé no clássico e outro na modernidade, ele busca promover a aproximação do público com o jazz e a música instrumental contemporânea e introduzir uma reflexão que transcende o mundo da música e atinge também o lado social, pois os eventos realizados são em sua maioria gratuitos e de livre acesso à população.

“A ideia é realizar eventos com freqüência para que as pessoas acostumem a ir assistir aos shows”. O músico faz referência ao fato que música instrumental muitas vezes está associada ao fator sócio econômico, ou seja, música para classe A.

Em suas andanças musicais, Nogueira busca sempre inserir nas apresentações músicos de destaque nacional e que são referência para o jazz brasileiro, como o guitarrista Michel Leme com quem realiza um “dialogo musical”, com diversas improvisações sonoras. Os músicos se conheceram há muito tempo em um evento, de lá para cá a parceria entre eles é freqüente.

Seja no Conexão Minas Brasil ou nos outros diversos projetos culturais que Nogueira faz parte, aos pouco o jazz e a música instrumental se solidifica em Pouso Alegre e também na região. Graças ao pioneirismo deste instrumentista, este estilo musical conquista adeptos e aos poucos surgem também novos talentos para o jazz sul mineiro.

sábado, 19 de maio de 2012

Fora da segundona

Pousoalegrense FC treina para a categoria júnior do Campeonato Mineiro 

José Eymard - Pouso Alegre

Tudo indica que, como em 2011, Pouso Alegre ficará sem representante na segunda divisão do Campeonato Mineiro. O prazo para as inscrições encerra no dia 28 de maio, mas nenhum dos três times da cidade esta disposto financeiramente a bancar os gatos da segundona.

O Pousoalegrense Futebol Club esta atuando em três módulos na competição. O infantil juvenil e júnior, mas não tem estrutura para o profissional. O preparador do time Paulo Borges afirma que o time tem pretensões para 2013. ‘Esse ano o que dificulta é a falta de estrutura. Não temos recursos, mas estamos tentando apoio através do Ministério do Esporte. É a lei de incentivo ao esporte para poder montar uma equipe forte para o ano que vem. ’

O time de maior tradição na cidade, o Guarani, não mostrou interesse em disputar a segunda divisão do mineiro. O Bugre Geraldino em 2010 foi eliminado na primeira fase da competição e perdeu as esperanças para o ano seguinte. Em novembro de 2011 o gerente de futebol do clube, Everton Dias, havia anunciado contratações para a disputa da segundona em 2012, mas o interesse não se confirmou.

Já o Sul Minas não deu certeza se participará da competição. Em 2011 o time alegou não ter estádio para mandar os jogos, já que o Municipal Irmão Gino Maria Rossi, o ‘manduzão’, não tinha aval do Corpo de Bombeiros. Neste ano o estádio passou por uma rápida reforma. Está liberado para receber jogos, mas o Sul Minas parece ficar de fora da segunda divisão.

“É gasto com arbitragem. Gasto com a Federação (Federação Mineira de Futebol), dinheiro de viagem para cidades longe de Pouso Alegre. Para disputar o mineiro não gasta menos de 30 mil reais”, afirma o presidente do time do Andorinha de Ipuiúna, sul de minas. Para Dito Andorinha, como é conhecido, o time só vai disputar o campeonato, porque conseguiu recurso de patrocinadores.

Na região, cidades como Santa Rita do Sapucaí com o Santaritense, Guaxupé com a Sociedade Esportiva Guaxupé, Jacutinga com o Jacutinga Atlético Clube e Ipuiúna com Andorinha irão disputar a segunda divisão que dá acesso à série A2 do Campeonato Mineiro. Depois, se classificados, tentam chegar à primeira divisão e enfrentar times como o Cruzeiro, Atlético Mineiro e o América.