segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Plantio inadequado de árvores prejudica moradores


Margarida de Oliveira esperou três anos para a retirada da árvore

Míriam Vagli

Em vários bairros de Pouso Alegre, moradores têm de lidar com problemas de rachaduras em suas residências, calçadas com pisos quebrados, perigos na fiação de postes, e a causa destes problemas são árvores de grande porte em meio urbano. Estas árvores estão plantadas em locais inadequados para seus tamanhos, que não só atrapalham a vida dos moradores da cidade, como também não podem se desenvolver naturalmente em meio ao concreto.

Moradora do bairro Nova Pouso Alegre, Margarida Maria Prado de Oliveira percebeu que os ladrilhos da calçada de sua casa estavam suspensos na região da raiz de uma árvore, cujos galhos encostavam-se aos fios do poste. “Um dia o jardineiro viu no canteiro de minha casa, que havia muitas raízes e pouca terra, e essas raízes eram da árvore da rua. Ele viu também que elas causaram trincas no azulejo da minha garagem e daí comecei a ficar preocupada”, relata Margarida. Após procurar a prefeitura, ela foi encaminhada ao COMDEMA (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente), em que um fiscal averiguou os danos causados pela árvore em sua residência e autorizou no dia 12 de julho de 2006 que esta fosse arrancada.

Com o documento de autorização em mãos, Margarida conta que ninguém retornou para fazer a retirada. Depois de quase três anos, ela voltou a procurar a prefeitura no início deste ano e teve a tarefa enfim executada, porém “eles deixaram o toco da árvore, pois dizem que é tudo o que podem fazer e o resto teve de ser tirado por conta própria. Contratei um pedreiro que fez a retirada do toco e finalizou o serviço no último sábado, 20”, conta.

Segundo o chefe regional do IBAMA, Fernando Bonillo, as árvores para regiões urbanas devem ser de porte baixo, de dois a quatro metros de altura, como nas espécies alfineiro, murta, cerejeira ornamental. Deve-se evitar o plantio de casuarina, ipês amarelo, rosa, roxo, flamboyant, pois são de portes grandes e além disso, não são adequadas para as calçadas estreitas da cidade, construídas no passado, que estrangulam seus troncos. “A árvore tem que ter umidade, ela rastreia água, então é normal aparecer raiz de árvore grande no ralo do banheiro de uma residência, pois é para lugares úmidos que ela vai e, muitas vezes, até quebra o tubo do esgoto”, explica Bonillo.

Ele acrescenta que a função do IBAMA, caso haja danos ao patrimônio público, é de supletividade, em que é aplicada uma multa no responsável pelo plantio inadequado e esta é encaminhada ao Ministério Público nas esferas civil e criminal.

De acordo com as orientações do diretor do Departamento Municipal de Meio Ambiente, Maurício Tutty, o procedimento correto para quem quer retirar ou substituir uma árvore em frente à sua residência ou no quintal de sua propriedade é procurar o Departamento de Meio Ambiente e preencher uma guia para solicitação formal. Após o preenchimento, técnicos no assunto farão uma vistoria no local e encaminharão o pedido ao COMDEMA, que se pronunciará sobre as posteriores medidas a serem tomadas. O diretor ressalta que nenhum morador deve agir por conta própria, pois somente a prefeitura é competente para tomar as providências necessárias.

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