segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Excesso de chuva atrasa a colheita de café


Depois das chuvas, colhedores se apressam para apanhar os últimos frutos

Neuber Fischer

A intensidade das chuvas no inverno tem causado prejuízos aos cafeicultores do sul de Minas. Alguns produtores colheram os frutos das lavouras nos primeiros dias de setembro, com 30 dias de atraso. Segundo o Instituto Clima Tempo, a estação que geralmente é seca e ensolarada foi mais úmida que o normal em 2009. Em algumas áreas choveu 100% a mais, do que em anos anteriores, e nos próximos meses ainda deve chover acima da média na região.

A demora na retirada dos grãos, que normalmente são colhidos entre maio e setembro, pode comprometer a próxima safra, pois a sua presença nas árvores prejudica a nova florada. Mario Jorge Botelho Weikert, engenheiro agrônomo da EMATER conta que, “o café maduro, que não é colhido, passa a deteriorar, ou ainda, ocorre à queda dos grãos, comprometendo a qualidade, pelo contato com o solo”.

Segundo José Peres Romero Filho, diretor da Associação dos Produtores de Ouro Fino (APROF), “a chuva além de atrasar a colheita, atrapalha a maturação adequada do café, e também a secagem dos grãos. Os frutos que ficam no pé, ou que estão no terreiro, começam a perder qualidade, assim como a bebida feita desses grãos”. O engenheiro da EMATER afirma que “o problema maior do excesso de chuvas é o tempo úmido, aliado a baixas temperaturas, o que favorece a incidência de doenças. Além disso, dependendo do tipo de solo, pode haver uma maior perda de nutrientes, e também desequilíbrio nos níveis de hormônios, causando alterações fisiológicas no cafeeiro”.

No caso de Ouro Fino que produz, em ano de alta, entre 180 e 220 mil sacas, em ano de baixa a produção pode ser até 60 % menor. José Peres prevê uma queda na produção, em torno de 10 a 15 %. O preço pago pela saca de café está entre R$ 180 e R$ 290. Aos grãos de baixa qualidade são pagos, um valor em média, 40% menor. Esse café de menor qualidade, geralmente é destinado ao mercado interno e é misturado com outros tipos de café.

A região utiliza principalmente, a secagem em terreiros e é preciso que o chão seque por completo, para que o café possa ser distribuído e revolvido periodicamente até a secagem, que leva de 10 a 21 dias. José Peres explica que com a demora, “O café que está no terreiro, mesmo que coberto com lona não consegue fugir dos danos da umidade, que para uma boa secagem deve estar em torno de 11 a 12 %. Uma alternativa é levar o produto para secadores, onde os grãos levam de 12 a 30 horas para secar”.

O diretor da APROF acredita que para amenizar os efeitos da chuva “Os cafeicultores precisam aprimorar a secagem, para melhorar o aspecto dos grãos na busca de mercados diferenciados”. Romero afirma ainda que os trabalhadores que colhem o café também são prejudicados, principalmente os que trabalham por produção, com menos café o rendimento deles também cai. Com o excesso de chuva o mato nos cafezais cresce o que muitas vezes obriga uma roçada fora de hora, para possibilitar o acesso aos corredores das plantações.

Segundo Mário, para amenizar a situação, “Existem produtos que promovem a desinfecção dos grãos, mas como são aplicados nas folhas, necessitam de um período sem chuva para a aplicação. Os cuidados maiores devem ser tomados no terreiro, no processo de secagem do café, esparramando em camadas mais finas, e revolvendo constantemente. As melhores alternativas são os secadores mecânicos, comuns em médias e grandes propriedades e o uso de terreiros cobertos com telha translúcida ou lona plástica”.

Os cafeicultores podem buscar auxílio junto aos escritórios da EMATER e Cooperativas que possuem agrônomos ou técnicos agrícolas. Orientações como Pulverizações visando à proteção da planta contra ataque de fungos e/ou bactérias, análise de solo completa para definição do programa de correção do solo e adubação e cuidados na seca do café, serão passadas ao produtor.

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