segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Cafeicultores buscam saída na crise econômica

Luís Gustavo dos Santos

A crise na cafeicultura, agravada com as turbulências do sistema financeiro mundial, mantém em alerta toda cadeia produtiva da região de Santa Rita do Sapucaí, que avalia o cartel do adubo, o cartel dos compradores de café, a sobrecarga de impostos e a baixa dos preços, os geradores da instabilidade no setor. Organizados em um movimento denominado “SOS Cafeicultores”, os produtores reivindicam um preço justo para o produto, que seria alcançado através do Leilão de Opção de Preço de Garantia.

Santa Rita tem 680 produtores associados à cooperativa local, gerando um montante aproximado de 50 milhões de reais. Com a representatividade de 20% da economia da cidade, o setor cafeeiro passa por uma crise só comparada a de 1936, em que o governo destruiu 30% da safra para conter a queda nos preços, recompensando com 5 mil réis por saca eliminada.

Desprendendo-se da história, os produtores propõem “um pacto, pode o governo ganhar esse prêmio ou pode o governo bancar esse café” explica Cláudio Lúcio Domingues, gerente do Departamento de Café da Cooperativa Regional Agropecuária de Santa Rita do Sapucaí. Segundo ele, o governo fixaria o valor da saca a R$ 300 reais, R$60 reais à mais que o preço atual, obtendo em contrapartida, o preço de garantia, estipulado em um leilão em que se definiria um valor percentual pago pelos produtores para poder vender a saca de acordo com o preço fixado anteriormente. Se, no ato da venda, o preço de mercado estiver acima do fixado pelo governo, os produtores tem a opção de vender no mercado, perdendo o dinheiro adiantado ao governo. O “Leilão de Opção de Preço de Garantia é como se fosse um seguro” assegura Domingues.

A fragilidade do setor se deve também à crise financeira mundial, que fez com que diminuísse a procura do produto no mercado internacional. Embora a crise acarrete efeitos gradativos, a categoria se mostra pessimista com a tendência dos negócios lá fora. “Ainda não chegou em sua totalidade, mas os negócios estão cotados bem abaixo do que estava no ano passado, diminuiu muito”, e “os efeitos da crise vem afetando devagar, estamos só no começo.” observa Domingues.

Além do Bicho Mineiro e da ferrugem, pragas que assolam as lavouras da região, o preço exorbitante do adubo é outro empecilho enfrentado pelos cafeicultores, que apontam à formação de um cartel de venda do produto como propulsor na alta do preço. O pequeno produtor José Maurício Ribeiro, cuja propriedade contém 11 mil pés de café, argumenta que o adubo vendido nos preços atuais desequilibra o orçamento destinado à colheita, pois “o dinheiro gasto com adubo pode superar os salários dos empregados”, fato este que intensifica a procura de crédito para investimento na cadeia produtiva.

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