segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Benzedeira recebe 60 pessoas nos finais de semana


Maria do Carmo Finamor faz orações há 42 anos

Pedro Henrique Martins

A benzedeira Maria do Carmo Finamor, 66, mãe de três filhos e avó de seis netos, não cansa de benzer. Diariamente ela faz orações para dez pessoas entre crianças e adultos. Há 42 anos, preserva esta tradição cultural, não passa um dia sem fazer um benzimento e nos finais de semana esses números aumentam e chegam à marca de 60 rezas ao dia. “Eu não fico um dia sequer sem benzer, fico feliz com o resultado, as pessoas que vem aqui em casa também ficam satisfeitas com o resultado”, relata.

Na casa simples à beira da avenida vereador Benedito Rodrigues, via movimentada que liga o centro da cidade ao Bairro Vargem Nossa Senhora Aparecida, ela recebe as pessoas que procuram a sua ajuda. Famosa e reconhecida por suas rezas e orações, não só na cidade de Córrego do Bom Jesus, mas na região do sul de Minas Gerais, Carminha relata que aprendeu a benzer com uma vizinha, quando tinha apenas 24 anos. “O benzimento dá resultado se a pessoa tiver fé, é a cura de doenças e males através da fé, foi isso que a minha vizinha me ensinou há tantos anos”, conclui.

Durante uma sessão de benzimento, é possível notar que a pessoa que reza precisa ter não apenas habilidade, mas dom e prática, pois muitas dessas rezas são feitas com alguns movimentos da mão, traçando o sinal da cruz. Bocejos, espiros, lágrimas fazem parte do processo. Segundo Dona Carminha isso acontece pelo fato da pessoa estar carregada de mau olhado e inveja. A mesma já ensinou diversas pessoas a fazer o ritual, mas elas não evoluíram, a resposta para esse fato, segundo seus conhecimentos é a falta de dom.

Um dos males mais freqüentes, que afetam principalmente as crianças, é o famoso mau olhado, que provoca um definhamento geral, sonolência, fraqueza e susto, entre os principais sintomas. Esse tipo de incômodo é o que mais aparece para Dona Carminha resolver. Como é o caso de Celma Cristina de Góis, 22, mãe de Yasmin Hélia de Araújo de seis meses de idade. Celma conta que sempre leva sua filha para benzer, pois acredita que o ritual deixa seu bebê mais tranqüilo e com saúde. “Trago a Yasmin aqui desde seu nascimento, principalmente para tirar mau olhado, depois da reza ela melhora 100%”, relata.

Católica, Dona Carminha faz questão de deixar claro que o ato de benzer só se consegue um resultado positivo se a pessoa tiver fé. É a cura de doenças e enfermidades usando apenas a fé e a crença em Deus. O processo de benzimento é simples, ela clama a Deus os pedidos da pessoa, e com isso a graça é alcançada.

Uma curiosidade que sempre gosta de pronunciar é o fato de vários médicos levarem seus filhos para benzer e receber suas orações. “Eles que estão em contato com medicamentos, conhecem as coisas, sabem a cura para tantas doenças, trazem seus familiares para eu benzer”, diz Maria do Carmo.

Sérgio Ricardo Finamor, 38, trabalhador rural é filho de Dona Carminha e não reclama do número de pessoas que visita sua casa todos os dias. “Vem gente de todo lugar, rico, pobre, tanta gente boa e agradável que não dá para reclamar, finaliza. Sérgio vai além e ressalta que sua privacidade não fica prejudicada pela quantidade de pessoas que procuram sua mãe.

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