segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Farmácia de cara nova


A medida do governo objetiva controlar o mau uso dos medicamentos

Márcio Borges

Prateleiras de medicamentos atrás dos balcões, apresentação de receita médica para comprar e poucos produtos ao alcance do público. Assim que as farmácias devem ser; pelo menos é o que determina a nova resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Publicada em 18 de agosto, a regra pretende diminuir os casos de intoxicações causados por mau uso de medicamentos, que se apresenta constante. Registros mostram que em 2007 o número foi de 30% de incidentes. Dados estatísticos ainda apontam o Sul e Sudeste brasileiros como responsáveis por 80% dos casos se comparado com as outras regiões do país.

Para divulgar a medida o presidente da ANVISA, Dirceu Raposo de Mello julga o sistema de farmácias no Brasil com um “desvio sério”, onde ele revela determinados estabelecimentos onde até mesmo bebida alcoólica é comercializada. E considera que uma pessoa pode entrar numa farmácia e se sentir tentada a comprar um complexo vitamínico ou um remédio vendido sem prescrição médica, não tendo qualquer controle sobre dosagens e contra indicações, resultando assim numa intoxicação.

Com isso fica determinado que podem ficar expostos para os clientes as plantas medicinais e drogas vegetais, cosméticos e produtos de higiene pessoal, mamadeira, chupeta, fraldas e lixas e cortadores de unha, bem como os produtos fitoterápicos: água boricada e água oxigenada, glicerina, mel, geléias, entre outros. As farmácias ainda poderão também continuar prestando serviços como medições de pressão arterial, perfurações de orelha e aplicações de medicamentos injetáveis e atendimento domiciliar, desde que realizados nas condições adequadas.

Entre os consumidores a resolução divide opiniões. Patrícia de Oliveira, 33, habituada a ler bulas e embalagens e selecionar seus medicamentos pelo preço mais em conta afirma que a regra “tira a liberdade de escolha do consumidor exigente, que gosta de pesquisar”; enquanto Júlia Corrêa Alves, 26, garante que para ela nada muda. “A diferença é que em vez de pegar o que preciso vou pedir ao atendente”, diz.

Entre os comerciantes a situação é diferente. O auxiliar de vendas Silvano Sebastião Silva trabalha numa farmácia com circulação, em média, de 100 pessoas por dia. Segundo ele os medicamentos mais comprados são aqueles que podem ser vendidos sem receita e que as pessoas podem pegar das prateleiras. Isso poderia até mesmo reduzir as vendas.

Silvano faz uma crítica à medida como desnecessária, equivocada. “O caminho não é esse. O caminho seria o melhor atendimento médico”, diz exemplificando que as pessoas, quando vão ao médico, não conseguem comprar o medicamento devido, pelo alto preço, e acabam se voltando para os baratos e acessíveis. Ele comenta também que sobre as dificuldades que os estabelecimentos teriam para as adequações exigidas. “Levaria tempo e geraria gastos”, encerra.

Um prazo de 180 dias é o que foi instituído para as empresas que não estão adequadas se organizarem dentro das normas. O descumprimento resulta numa multa que varia de R$ 2 mil até R$ 1,5 milhão de reais.

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