quarta-feira, 31 de março de 2010

Criatividade na Paixão de Cristo surpreende em 2010

A encenação na igreja de Nossa Senhora da Soledade

Juliana Cunha

A sexta feira santa é o ápice da quaresma, um tempo de interiorização e reflexão. Em Itajubá, esse dia já não é o mesmo há nove anos. Em volta da Igreja Matriz Nossa Senhora da Soledade, 4.000 pessoas se reúnem para assistir a encenação dos últimos passos de Jesus Cristo. Esse ano, o grande destaque ficará por conta da ganância e do arrependimento de Judas que por vender Jesus, acaba enforcado. O ator ficará preso através da aparelhagem de rapel com a corda no pescoço, simulando o suicídio do personagem.

Com 35 integrantes, o Ministério de Teatro Alpha é destaque na cidade por representar o mesmo enredo todos os anos, porém dotado de inovações e criatividade. A tradicional peça tem uma hora de duração e destaca-se por apresentar um figurino impecável, som ao vivo e iluminação de qualidade.

Pilatos aparece com um figurino digno de um rei, com capa vermelha, sandálias e túnica romana, além de vários acessórios dourados. Os soldados usam armaduras, capacetes e tochas de madeira para representar proteção ao rei. A mãe de Jesus, representada por Juliana Campos, coloca toda emoção em um choro discreto, mas constante. Véu e túnica azulada compõem o figurino da personagem. Jesus aparece simples, com túnica clara e pés descalços. Ao longo da peça, sua roupa é rasgada e suja pela maquiagem que representa os ferimentos do personagem. A cruz em que o personagem é pregado tem sustentação própria para que todos possam ver o personagem crucificado.

O som ao vivo conduz o espectador a momentos de suspense, de sofrimento, de angústia e reflexão vividos pelo personagem principal. As iluminações coloridas em vermelho, amarelo e azul dão o destaque que cada cena ou personagem merecem para evidenciar o momento.

O estudante de medicina Márcio Junior de Paiva, que representa o personagem principal da trama, diz que fazer Jesus é um privilégio e uma responsabilidade, visto que o público espera um Jesus de cabelos longos e de olhos claros. “Eu sou moreno e não tenho cabelo cumprido. Eu acho que as pessoas saem dali enxergando um Jesus diferente, mais real e próximo.”

Durante a apresentação, Jesus é maltratado com chutes, socos, tapas e pontapés, o que permite a cena ser fiel a historia. Paiva diz que não se incomoda com os maus tratos sofridos, mas confessa que se machuca bastante. “Pra mostrar um pouquinho da realidade não tem como fingir, tem que passar pra sentir o que aconteceu. Eu realmente me machuco, mas na hora eu não sinto nada.”

Talitha Leite Pio, diretora da peça, diz que o grupo faz uma preparação psicológica para a representação dos personagens. Cada papel tem a carga emocional que necessita, para que a interpretação tenha dinamismo e realidade. “Os atores vão fazer uma preparação corporal e vocal intensa horas antes da peça. Para o ator que faz Jesus temos um cuidado especial, pois ele precisa de uma preparação corporal grande, devido às cenas fortes.”

Ela ainda afirma que esse ano a encenação está mais iluminada com 48 canhões de luz, graças ao apoio cultural da cidade “A riqueza de detalhes, a sonoplastia e a iluminação ajudam as pessoas a vivenciarem o momento.” A peça de única apresentação tem orçamento equivalente a R$ 2.000,00 arrecadados por meio de patrocinadores.

2 comentários:

  1. é bem interessante como a força da fé em Jesus motiva tantos jovens a doarem seu tempo pra realizar uma obra tão bonita!!!

    Fagner Cardoso

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  2. Tenho toda a certeza que essa encenação já mudou a vida de muitas pessoas, inclusive a minha que tive o privilégio de atuar.
    Não há como não se emocionar!
    O Ministério de Teatro Alpha realmente Evangelizou através da arte!
    É uma honra poder estar ao lado destes jovens, destes Anjos...

    Márcio Júnior de Paiva

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