O detento Marcelo Soares aprendeu o ofício na prisãoJailson Silva
Dos 74 presos da cadeia de Cambuí, 80% se dedicam ao trabalho artesanal. Desde 2006, eles passaram a confeccionar as peças com o intuito de conquistar o beneficio previsto no artigo 126 da Lei de Execuções Penais (LEP) que permite a redução da pena, a cada três dias trabalhados, o detento tem um dia descontado no tempo de prisão. As peças são comercializadas pelos familiares, que vendem os produtos aos amigos, parentes e até para pessoas que fazem encomendas.
O material utilizado é comprado pelos familiares, que é entregue aos detentos nos dias de visita. Eles também são os responsáveis pela comercialização das peças na cidade. Maria Leonilda Costa, dona de casa, mãe de um detento, ressalta que o trabalho é muito importante para todos os detentos, e que se filho consegue ganhar uma boa quantia financeira com as peças que ele produz. Ela afirma que quanto mais eles se empenham em fazer trabalhos bem feitos, maior é o retorno financeiro, e algumas peças são vendidas por até R$ 150,00 reais.
O detento Marcelo Soares explica que as peças são compradas por pessoas desconhecidas, e que um dia poderá passar na rua e poderá vê-las numa loja, numa vitrine. Ele afirma que isto é motivo de orgulho. “Nós temos que pagar por aquilo que nós fizemos, a gente acaba pagando e utilizando nossa mente, e isso, gera beneficio para gente e fica bem melhor a convivência em si.”
Segundo o delegado Victor Minhoto Meinão, os presos que trabalham nesse projeto, tem apresentado uma melhora significativa no seu comportamento dentro das celas e na convivência com os outros detentos. Ele afirma também que “a partir do momento que o preso sai da cadeia e já tem uma profissão, é muito mais fácil ele ser reinserido na sociedade do que quando sai e não tem nenhuma profissão, não tem nenhum oficio e não sabem nem o que fazer.”
Para Soares, que cumpre sua pena há um ano, não foi difícil aprender a fazer as primeiras peças, foi necessário observar os companheiros que já faziam esses trabalhos e prestar muita atenção. Segundo ele “antes eu não tinha tempo para trabalhar com artesanato, mas o que eu aprendi aqui é trabalhar a paciência, porque o artesanato não é difícil, e você tendo paciência, você consegue desenvolver qualquer tipo de peça.”
Maria Leonilda, que tem seu filho preso há um ano, afirma que o projeto traz muitos benefícios para os presos e familiares, e proporciona a eles uma recuperação e um aprendizado de uma nova profissão que poderá ser colocada em prática quando eles cumprirem suas penas. Todas as peças que seu produz, ela comercializa, e que esse dinheiro é usado na compra de materiais para que possam ser produzidas novas peças e na compra de utensílios básicos para o filho.
Ela comenta também que “a reação das pessoas é muito boa, porque esse é um trabalho como qualquer outro, e a diferença é que são feitos por pessoas que um dia erraram e estão pagando por aquilo que fizeram.”
De acordo com Meinão, o projeto traz muitos benefícios para os presos e para o sistema prisional. Mas infelizmente, a quantidade de presos existentes na cadeia vem aumentando, mas isso é um reflexo da sociedade brasileira, pois o número de presos tem aumentado em todo pais, não só em Cambuí.
Legal!!
ResponderExcluirParabéns pela matéria Jailson!
Bacana ver vocês bixos já produzindo com tanta qualidade!
Abraço!
Jailson, parabéns, pela primeira matéria.
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