terça-feira, 13 de abril de 2010

Invasão de capivaras ameaça saúde pública

Capivara hospeda o carrapato-estrela, transmissor da febre maculosa

Jailson Silva

A presença de algumas capivaras às margens do Ribeirão das Antas, rio que atravessa a cidade de Cambuí, é motivo de preocupação para a vigilância sanitária, e uma atração para os moradores do local. O número desses animais tem aumentado, cerca de 40 capivaras vivem ao longo do rio, e estão invadindo algumas residências em busca de alimentos.

De acordo com Renato Aguiar coordenador da vigilância sanitária, esses animais sempre foram vistos na zona rural da cidade, devido ao desequilíbrio ambiental e falta de alimentos para sua sobrevivência, elas migraram às margens do rio, onde encontraram um ambiente favorável para sua reprodução e alimentação. Elas já se adaptaram com a presença das pessoas, já estão mansas.

Já foram registrados dois casos de invasão das capivaras em residências na cidade, de acordo com Aguiar, no início do ano, a capivara invadiu uma casa e teve que ser capturada. Os moradores ficaram assustados com a presença do animal, que apareceu no corredor de um prédio residencial, localizado na praça da cultura. Depois de capturado, o animal foi solto no seu ambiente natural, próximo da cidade.

Aguiar alerta que a população deve ficar atenta com a presença desses animais, já que eles são hospedeiros do carrapato-estrela, que transmite a febre maculosa. Essas capivaras estão se alimentando do capim plantado às margens do rio, que diariamente recebe o esgoto de toda a cidade. “Foram dois problemas que ocorreram, a superpopulação das capivaras, que entraram na cidade, e em relação ao carrapato, que é o risco sanitário”, explica Aguiar.

Para Fernando Bonillo, responsável do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) no Sul de Minas, “as capivaras não invadiram o meio urbano, o meio urbano criou uma estrutura especial ao redor do ecossistema que elas ocupavam no passado.” Ele comenta também que as pessoas devem ter consciência e conviver com precaução em relação a esses animais.

Nos próximos dias, haverá uma reunião entre a Secretária Estadual de Saúde, IBAMA e vigilância sanitária para que sejam definidas as estratégias para resolver esse problema, segundo Aguiar ainda não foi registrado nenhum caso de febre maculosa no município, mas que a população deve tomar os devidos cuidados, que evitem contato com esses animais, pois eles podem estar contaminados.

Segundo alguns moradores do local, a presença das capivaras não traz nenhum problema, ao contrário, é uma oportunidade para muitos verem de perto esses animais, já que eles são silvestres “é muito bom ter a natureza perto da gente, eu nunca tinha visto”, comenta Maria Aparecida Ferreira, 60 anos, moradora há 43 anos às margens do rio. Ela também relata que “vai chegar um tempo que ninguém vai ver esses bichos na natureza.”

“As capivaras não estão oferecendo nenhum risco, esses animais costumam a aparecer ao anoitecer, ficam na grama, com seus filhotes, e atraem à atenção de muitos que passam por ali. “explica José Luiz do Carmo, 45, segurança, morador próximo. As capivaras também tem sido alvo de caçadores, há relatos de moradores que alguns desses animais são caçados para o consumo de sua carne e já foram vistos com sinais de flechadas. Segundo a Lei 5.197/7 o abate de capivaras é crime, e prevê multa e pena de detenção de seis meses a um ano para quem caçar animais silvestres, como a capivara.

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