sábado, 5 de junho de 2010

O verso e a prosa



Bruno Freitas

O encontro aconteceu no Teatro Municipal de Pouso Alegre, na sala de espelhos onde os artistas que se apresentam no palco dessa casa de espetáculo, ensaiam diversas vezes antes de entrar em cena. Sem ter direito a ensaio, cortinas que abrem e se fecham ou até efeitos especiais, Antônio Francisco Cândido falou um pouco sobre a sua trajetória. “Toninho”, como é tratado carinhosamente pelas pessoas, que o conhecem escreve poesias e crônicas há seis anos, porém revela que a sua intimidade e o gosto pelos contos, rimas e versos vem desde os tempos de criança, quando ainda estudava na cidade de Congonhal (MG).

Recentemente o poeta ganhou dois prêmios no concurso literário “A Palavra do século XXI”, realizado na cidade de Cruz Alta, Rio Grande do Sul, com a crônica “O entusiasmo pela vida”, que ficou em 3º lugar e com a poesia “Meninos Brincando” que conseguiu entrar na antologia promovida pelo evento. “Certo, indo embora, eu vi uns meninos perto de casa brincando e fiz uma poesia sobre isso. Lembrei da minha infância, é raro a gente ver isso hoje”, relembra o poeta de como surgiu a ideia de escrever essa poesia.

Trajetória de vida

Quando abordado sobre a sua vida pessoal, “Toninho”, fica um pouco pensativo e conta sobre a dor que sofreu ao perder o pai quando tinha 15 anos de idade e sua mãe 12 anos após. Na sua vida profissional trabalhou como “coletor de lixo” na Prefeitura Municipal de Pouso Alegre e após um acidente, que o deixou afastado por um tempo para recuperação e repouso voltou a trabalhar, só que dessa vez como gari. Na nova função que exerceu por quatro anos embaixo de sol quente, de chuva ou com frio, o poeta nunca pensou em abrir mão da vassoura, da pá e do carrinho de lixo para se dedicar apenas ao lápis e papel.

O autor escrevia e distribuía as suas poesias aos seus amigos e as demais pessoas, sendo que sempre assinava com o seu nome e na frente a sua função: gari. “Nunca tive vergonha de falar com o que trabalhava, sendo que o árduo trabalho não o impedia de escrever, todos podemos escrever”, refere ao assunto quando questionado se as pessoas acham diferente um gari escrever. Atualmente, é funcionário público e trabalha no Teatro Municipal de Pouso Alegre, está envolvido diretamente com diversas pessoas que tem grande interesse pela poesia.

Reconhecimento

Toninho já escreveu cerca de 180 poesias, fora as que estão rascunhadas, participou de vários concursos literários em todo o Brasil, sendo premiado em diversos deles, com certificados, troféus e menções honrosas, além de ter textos seus em aproximadamente 20 antologias.

Porém o reconhecimento tão importante para o poeta como essas premiações é quando alguém o para na rua para contar sobre algo que envolva a sua obra. Dois casos marcantes, citados por “Toninho” e de um senhor que trabalhava no Horto Florestal e achou uma poesia que falava sobre pai escrita por “Toninho” e acabou entregando a poesia para seu pai e de uma senhora que anexou a uma de suas poesias em um quadro e colocou na parede de sua casa. “Eu apenas escrevo quem faz o meu sucesso são as pessoas que leem minhas poesias e acreditam no meu trabalho”, conclui o poeta.

Um comentário:

  1. Toninho, fiquei emocionada, com sua estória. Vc com seu exemplo, mostrou, quem nem tudo se compra, basta ter garra , talento e dom!! Parabéns!!

    ResponderExcluir