terça-feira, 1 de maio de 2012

Mãos de tesoura

Marcos Roberto trabalha há 25 anos como cabeleireiro na cidade 
Lysa Maria - Pouso Alegre

As mãos femininas dominavam a prática da profissão, mas o público masculino que atua na área aumenta a cada dia. Antigamente, os homens atuavam somente como barbeiros, de lá prá cá, muito coisa mudou, no ramo da beleza. As dificuldades de emprego em outros setores e o rápido retorno financeiro do ofício despertaram o interesse do sexo masculino pela profissão de cabeleireiro.

Sebastião de Assis Rodrigues, mais conhecido como Assis, trabalha na área há dez anos. Assis conta que nunca se imaginou nesta profissão, e começou essa carreira por necessidade, pois há dez anos quando se mudou de São Paulo para Pouso Alegre, ele abriu uma lanchonete que não deu certo, e se viu perdido. Sua esposa que já era cabeleireira não quis voltar. Então ele começou a fazer o curso de cabeleireiro, por estímulo de sua esposa.

No início, ele conta que o preconceito era tanto, que até ele próprio não estava aceitando esta profissão. O preconceito era de todos os lados, “meus amigos sempre me criticavam”. Com o passar do tempo Assis adquiriu experiência, e percebeu que, com esta profissão o retorno financeiro era rápido, principalmente quando se trabalha bem, e se torna reconhecido pela qualidade do trabalho.


Hoje o cabeleireiro trabalha em sociedade com sua esposa e sua irmã, e também montaram uma escola de cabeleireiro. “Estou realizado com a minha profissão”. Assis ressalta que o preconceito ainda não acabou. Os homens ainda procuram essa profissão por necessidade, “quando um homem fala que é cabeleireiro, as pessoas ficam olhando”.

Rodrigo Cezar Seabra Silveira, relata que ele não se identificava com a profissão, e também precisou de um empurrão para entrar no ramo da beleza. Ex-técnico de eletrônico atuou nesta área durante dois anos. “Eu vi que atuando como cabeleireiro o retorno financeiro seria mais rápido”, por estímulo da mãe, que atua como cabeleireira, Rodrigo começou o curso e se encontrou nessa profissão. O cabeleireiro conta que em sua família nunca houve preconceito, mais entre os amigos e conhecidos, o preconceito sempre esta presente, “quando um homem fala que é cabeleireiro quem esta a sua volta, já pensa em homossexual”, afirma.

Há 25 anos trabalhando na área, Marcos Roberto, mais conhecido como “Beto´s cabeleireiro” afirma que se adaptou desde o  início”. Ele ressalta que o preconceito só existiu no começo da carreira, seu pai demorou a aceitar a opção profissional. O cabeleireiro conta que quando os amigos do pai perguntavam, no que seu filho trabalhava, ele não dizia, ficava com medo deles ficarem debochando.

Para o cabeleireiro o preconceito só existe quando o profissional não sabe se posicionar na profissão. “Eu tenho que impor respeito em meu ambiente de trabalho, tenho que fazer as pessoas me respeitarem e são as atitudes do dia a dia que vão fazer isso”. Em seu salão hoje trabalha a sua esposa e seus dois filhos, que já demonstram grande interesse pela carreira do pai.

Nenhum comentário:

Postar um comentário