terça-feira, 12 de junho de 2012

‘Diário da insignificância'

No ateliê, Ferrão planeja uma nova exposição  
Elen de Souza - Pouso Alegre

No ateliê recém construído, dezenas de quadros ainda embalados se misturam com esculturas que moldam a essência de um artista. Ferro, pedra, papelão são revestidos em um contexto que esboçam a simplicidade de Jeferson Ferrão. Com quase 30 anos de carreira, a discussão e reflexão sobre os valores e significados atribuídos a arte, deu origem a exposição 'Diário da insignificância', que aconteceu em Pouso Alegre este mês.

Na infância, para poder pintar, Ferrão misturava cola branca com terra de diversas tonalidades, assim conseguia extrair da natureza as tintas coloridas que não tinha condições de comprar.   Com a arte impregnada nas veias, aos 19 anos com um desejo no coração e uma mochila nas costas mudou-se para São Paulo.

Na capital paulista, o jovem da pequena cidade de Cruzeiro, foi aprovado em curso no Escritório Brasileiro de Arte. A exposição de formatura em 1982 revelava que a essência bucólica nunca deixou de estar presente em seus momentos criação. Em meio aos traços e cores, havia sempre o contraste entre o urbano e o rural. “O artista é a sua própria obra”, enfatiza.

Peregrino morou em diversos lugares do Brasil, mas ao casar-se com uma pousoalegrense fixou residência nas terras do Mandu e fundou o Ateliê Mineiro, com foco na arte popular e principalmente na pintura naïf. "Vincular o rudimentar com a cultura popular é a minha leitura da arte contemporânea".

Construções estéticas particulares, cores primárias e sem a necessidade das técnicas acadêmicas, são algumas características na arte ingênua, o Naïf, que conquistou a profunda admiração de Ferrão. Hoje o artista que carrega em si, as raízes da cultura interiorana, planeja um espaço em seu ateliê para desenvolver uma galeria de exposição naïf.

Envolvido em um universo paralelo de criações, utilizando da xilografia a fotografia, segue mesclando, inventando e compondo seu diário. Recitando Raul Seixas, ele define parte de si eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que eu quis, mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado. Porque foi tão fácil conseguir,  e agora eu me pergunto, "e daí?".

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