O mineiro, José Raimundo pretende levar a arte naif a São Paulo |
Wilker Cardoso - Pouso Alegre
Em Poços de Caldas no Instituto Moreira Sales, sua
última exposição contou com 40 quadros, a maior mostra em onze anos de
carreira. A entidade é referência no meio artístico nacional explicou o curador
do artista Ferrão.
A conversa, regada a café no ateliê com cheiro de
tinta fresca, José Raimundo com semblante tranqüilo, conta que na hora de compor
suas obras, pensa na infância e juventude. A influência do contexto que viveu é
bem notável nos quadros, “eu pego uma tela branca e vou pensando naquela época
que eu vivia lá, os bichos, cercado, árvore e lago. Então eu já vou
definindo a tela, e no pensamento, lá no tempo que eu vivia na roça”.
Raimundo faz parte dos artistas naif, que define aqueles que não têm formação acadêmica em arte. No
entanto a autenticidade é uma característica das obras dessa corrente artística.
Usa de tinta acrílica em tela de tamanhos de 40 x 50, 50 x 70 e até 1x1 e de 2 x
1,5, também pinta em pedras, esculturas de animais e banquinhos de madeira.
O inicio da carreira começou logo depois que José
Raimundo foi trabalhar como jardineiro na casa do artista Ferrão, hoje seu
curador. No vai e vem das exposições e na observação do desenvolvimento das
obras, o jardineiro percebeu o cotidiano de um artista. “O artista é além da
obra, é o dia a dia as coisas que ele faz para construir a obra”.
Foi nesse tempo que Ferrão pediu ao amigo e
jardineiro para cuidar da casa enquanto fazia uma viagem, como Zé já desenhava
e esboçava algumas figuras Ferrão preparou uma surpresa, deixou tela, pincel e
tinta com uma carta dizendo “tudo que o senhor desenhou até agora foi isso aqui,
então coloca na tela”.
O quadro ficou tão bom que Ferrão decidiu mandar
para a bienal naif de Piracicaba, a
obra foi selecionada pelos críticos de arte e diretores de museus “de lá pra cá
eu decidi não parar” conta Raimundo.
Críticos de arte levaram a obra do artista para
outros países como Israel e Japão, “vieram artistas japoneses expor aqui no
ateliê Mineiro e conheceram a obra do José Raimundo daí resolveram levar pra
lá” comenta Ferrão.
A repercussão da obra se baseia no valor financeiro
dos quadros do artista, as primeiras pinturas eram cotadas entre R$200,00 e
R$400,00 “hoje um quadro dele de 40 x 50 dá R$1400,00 e isso já é um
reconhecimento do próprio mercado” comenta o curador.
Agora a intenção é expor em alguma galeria em São
Paulo, mas para isso acontecer, um quadro dele precisa passar por um leilão,
com a disputa entre colecionadores vai taxar um valor e divulgar a obra,
explica Ferrão. Em outubro Zé Raimundo pretende expor no Ateliê Mineiro,
próximo ao aniversário de Pouso Alegre, que terá uma coletiva naif.
Grande artista, merece muito reconhecimento, suas obras resgatam a identidade histórica do mineiro, e é uma beleza, sô!
ResponderExcluirA qualidade de suas obras aperfeiçoam a cada tela!
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