Fabiano Mogi, tatuador, adepto ao uso de alargadores |
Elen de Souza - Pouso Alegre
Os índios, em especial da tribo Kayapó, acreditam
que a capacidade de ouvir e compreender melhor as palavras possa ser aumentada
ao se fazer um furo nas orelhas para a utilização de alargadores. Um ritual que
inicia ainda com os bebês, e á medida que crescem muda-se o tamanho do
alargador até alcançar cerca de dois a três centímetros de diâmetro. Porém esse
ritual indígena ultrapassou as fronteiras das tribos e invadiu os centros
urbanos, tornando o alargador de orelhas um fascínio entre os jovens.
Fabiano Mogi trabalha como tatuador e body piercing há 13 anos, e relata que há
algum tempo essa era uma prática muito vista em grandes cidades, mas que a
cerca de dois anos houve um aumento considerável de adeptos do alargador também
em cidades do interior, como Pouso Alegre. “Essa é uma moda que não tem idade,
não me lembro quantos anos tinha a pessoa mais velha que já coloquei alargador,
mas o mais jovem tinha 10 anos”, comenta Mogi.
Há dois anos o músico Charles de Carvalho decidiu aderir
a esta moda, e para ele a emoção veio em dose dupla: colocou na mesma semana,
alargadores nas duas orelhas. “Assim que vi um alargador me identifiquei”
explica o jovem. Atualmente o diâmetro das perfurações nas orelhas do músico,
corresponde ao tamanho de uma tampa de uma garrafa pet e ele ainda não está
satisfeito, ainda pretendo aumentar mais, uso o tamanho 25 e pretendo chegar ao
30”, ressalta.
Já para o professor de história, Rogério Leite, o
uso do alargador era um forte desejo, mas o medo de arrepender-se o impedia de
colocá-lo. Em tom de humor ele relata a difícil decisão “é até meio esquisito,
pois eu tenho dois piercings nos
mamilos, um na língua e algumas tatuagens, mas quando pensava em alargar a
orelha eu “amarelava”.
De acordo com Leite, o receio era de sofrer
repressão devido a carreira profissional “estava me formando para ser professor,
e na minha opinião, a sociedade ainda é muito conservadora, tentam camuflar os
preconceitos, mas nem sempre conseguem” afirma ele. Pois as tatuagens e piercings, segundo o jovem é necessário
apenas uma camiseta para encobri-las, o que facilita no dia-a-dia em sala de
aula.
Mesmo cercado de dúvidas, o desejo falou mais alto e
há pouco mais de seis meses Leite não resistiu e se aventurou mais uma vez pelo
mundo das perfurações e colocou o tão esperado alargador “ainda tá bem pequeno,
vou dar um passo de cada vez” comenta o jovem. A moda inspirada nos primitivos
aos poucos transcende também as barreiras do preconceito cativando cada vez
mais adeptos e admiradores.
Ficou show !!Parabéns Elen !! Adorei a matéria!
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